Este bordão “rouba, mas faz”, ficou muito famoso, pois foi cunhado a Paulo Maluf, quando Prefeito e Governador do Estado de São Paulo.
As obras foram muitas, e os escândalos seguiram na mesma proporção, e estão em evidência até hoje.
Exemplo semelhante, tivemos também aqui, por ocasião das obras da copa do mundo de 2014.
A quantidade de obras realizadas em Cuiabá por ocasião da copa, a Prefeitura não teria capacidade financeira de realizá-las em menos de 20 anos, porém, os escândalos também seguiram na mesma proporção das obras, sem contar o escândalo das obras do VLT.
Mas estes dois bordões representam um dilema comum na política e na gestão pública. O primeiro sugere que um governante ou gestor pode ser corrupto, mas entrega obras e serviços para a população, e o povo continuará votando nele, pois as obras e serviços são visíveis.
Já o segundo, aponta para alguém honesto, mas ineficáz ou inoperante.
Esse debate reflete uma visão pragmática da política, onde alguns eleitores preferem resultados concretos, mesmo que envolvam corrupção. No entanto, essa lógica é perigosa, pois normaliza desvio de dinheiro público e pode perpetuar ciclos de impunidade.
O ideal seria buscar líderes que nem roubam, nem deixam de fazer, ou melhor, que sejam eficientes e éticos ao mesmo tempo. A falsa dicotomia entre corrupção e eficiência precisa ser superada para que a política seja pautada por transparência e compromisso real com o bem estar comum.
Provoquei essa reflexão, para dizer que a população cuiabana não aguenta mais obras inacabadas, sem planejamento eficaz, causando transtornos intermináveis, prejudicando à todos, mas essencialmente ao comércio.
Administradores públicos, fiquem atentos, pois as urnas costumam ser implacáveis.
Otacílio Peron
Advogado