Aos 16 anos, Pedro Bauer já carrega um currículo que muitos atletas levariam uma vida inteira para construir. Campeão Pan-Americano, Sul-Americano e Brasileiro, o piloto de BMX é um dos nomes mais promissores do esporte no país — e, mais do que isso, é um orgulho para Lucas do Rio Verde (MT), cidade que o viu nascer e crescer nas pistas de terra e adrenalina.
Em entrevista ao programa Espaço Aberto, Pedro falou com entusiasmo sobre a temporada intensa de competições, que o levou dos Estados Unidos ao Chile, passando pela Bahia e pela Dinamarca, numa maratona de vitórias, superações e aprendizado.
“Nos Estados Unidos foi difícil no começo. No primeiro ano a gente só rastejava até chegar ao topo”, recorda o jovem atleta. “Mas esse ano tudo mudou. Fiz dois terceiros lugares e um primeiro em Rock in Rio — foi uma das corridas mais incríveis da minha vida. Esse título abriu portas e mudou nossa mentalidade. Eu não tinha ainda um título internacional, e quando veio, foi como destravar uma chave dentro de mim.”
O desempenho nos Estados Unidos impulsionou Bauer para conquistas ainda maiores. Pouco tempo depois, veio o título Pan-Americano no Chile, um sonho perseguido por mais de quatro anos. “Quando a gente começou a treinar com o Renato Rezende, nosso co-técnico, tudo evoluiu. No Pan-Americano, ganhamos de todo mundo da América Latina. Isso deu força pra chegar no Brasileiro e arrebentar.”
Na sequência, o piloto foi para Salvador (BA), onde conquistou dois títulos nacionais: tornou-se tetracampeão na categoria Cruiser (aro 24) e bicampeão na Aro 20, a mais disputada do BMX. “A 20 é a mais forte. Fazia tempo que eu não ganhava nela, então essa vitória teve um sabor especial”, contou.
O ápice da temporada veio na Dinamarca, durante o Mundial. Pedro dominava os tempos de todas as fases eliminatórias, até uma queda nas quartas de final o tirar da briga direta pelo título. “Foi um choque de realidade. Eu estava na frente do cara que acabou sendo campeão mundial. Mas é assim: cada queda traz uma subida maior. O sonho do título mundial continua vivo.”
Com maturidade incomum para a idade, Pedro encara as derrotas como parte do processo. “Desistir não é opção. Já passei por muitas dificuldades, desde falta de patrocínio até problemas em viagem. Mas tudo isso tem que ser um ponto de apoio, não uma barreira. O treino tem fases boas e ruins, mas o que não pode é parar de treinar.”
Além de competir, Bauer também pensa no futuro do esporte em Lucas do Rio Verde. Ele é um dos incentivadores da escolinha local de BMX, que vem revelando novos talentos, como João Pedro, campeão brasileiro na categoria Boys 5/6. “O esporte não pode acabar com a gente. Ele tem que continuar com as crianças. Eu quero ser uma referência pra essa nova geração”, disse.
Com o calendário ainda cheio, Pedro se prepara para o Training Camp no Rio de Janeiro, seguido de competições internacionais como o Latino-Americano, o Ibero-Americano e o Grands, nos Estados Unidos. “A gente vai com a cabeça de ganhar. Sempre com foco, mas com humildade e muito treino.”
O jovem piloto encerrou a entrevista com uma mensagem de inspiração: “Pra todo atleta, seja no BMX ou em qualquer esporte: desistir não é uma opção. Cada obstáculo é uma chance de crescer. E o nosso nível nunca vai ser o melhor pra sempre — por isso a gente tem que continuar evoluindo.”
Em uma trajetória marcada por talento, disciplina e amor ao esporte, Pedro Bauer representa não só o futuro do BMX brasileiro, mas também o espírito de superação que move os grandes campeões.


























