Uma preocupante constatação emerge dos dados mais recentes divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE): mais de um milhão de pessoas em Mato Grosso enfrentaram insegurança alimentar no ano de 2023. Este número alarmante expõe uma realidade perturbadora que afeta não apenas indivíduos, mas comunidades inteiras em um dos estados mais ricos do país.
De acordo com o IBGE, 134 mil dessas pessoas vivenciaram uma forma grave de insegurança alimentar, onde a fome torna-se uma presença constante nos lares, especialmente entre crianças em fase de crescimento. Esse dado ilustra não apenas a falta de acesso a alimentos adequados em quantidade e qualidade, mas também as consequências devastadoras que a privação nutricional pode acarretar.
A situação se agrava quando observamos o aumento significativo em comparação com anos anteriores. Em um estado com um Produto Interno Bruto (PIB) considerável e índices de desenvolvimento humano em patamares médio e alto, o quadro de insegurança alimentar aponta para desafios estruturais profundos que demandam respostas urgentes e eficazes.
Para entender melhor a dimensão desse problema e suas possíveis soluções, conversamos com especialistas e acadêmicos. A pesquisadora e nutricionista da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Caroline Cardoso, ressalta os danos à saúde física e mental causados pela insegurança alimentar, especialmente entre crianças em idade escolar. Já o professor e doutor em Ciências Políticas da Universidade Estadual de Mato Grosso (Unemat), Raimundo França, destaca a importância de abordagens integradas que vão além da assistência imediata, visando a inclusão das famílias afetadas no mercado de trabalho e a criação de redes de apoio sustentáveis a longo prazo.
Enquanto isso, programas sociais como o Ser Família buscam atender às necessidades emergentes, fornecendo assistência financeira e apoio social a famílias em situação de vulnerabilidade.
Contudo, a complexidade do problema exige uma resposta coordenada e multifacetada, que envolva não apenas o governo, mas também a sociedade civil e o setor privado.
Primeira Dama Lidera Programa Ser Família para Combater a Vulnerabilidade Social em Mato Grosso
No combate à vulnerabilidade social em Mato Grosso, o Programa Ser Família, liderado pela primeira dama Virginia Mendes, emerge como uma iniciativa crucial. Com mais de 54 mil famílias beneficiadas, o programa visa reduzir as desigualdades sociais por meio da promoção da cidadania e inclusão social.
O Ser Família adota uma abordagem abrangente, oferecendo diferentes formas de auxílio para atender às necessidades específicas de diferentes grupos vulneráveis. O programa inclui:
– Ser Família Criança: Direcionado a famílias com crianças em idade escolar até 12 anos, oferece um benefício mensal de R$ 220, destinado à compra de vestuário, materiais escolares e gêneros de primeira necessidade.
– Ser Família Idoso: Destinado a pessoas idosas em situação de pobreza, o programa fornece um benefício de R$ 220 por mês, voltado para a compra de medicamentos e alimentos.
– Ser Família Indígena: Exclusivamente para indígenas em condição de pobreza, o programa oferece um benefício de R$ 220 mensais, destinado à compra de alimentos.
– Ser Família Inclusivo: Destinado a pessoas com deficiência em situação de pobreza, o programa oferece um auxílio mensal para a compra de alimentos e medicamentos.
– Ser Família Mulher: Focado em mulheres vítimas de violência doméstica em situação de vulnerabilidade social, o programa oferece um auxílio-moradia de R$ 600, além de fortalecer a rede de enfrentamento à violência contra a mulher.
– Ser Família Solidário: Criado durante a pandemia da Covid-19, este programa entrega cestas básicas e kits de higiene e limpeza para famílias em situação de vulnerabilidade.
Além do Programa Ser Família, outras iniciativas sociais estão em curso para atender às necessidades emergentes da população. O Restaurante Prato Popular, por exemplo, já serviu mais de 631 mil refeições desde sua criação em 2019, oferecendo alimentação a preços acessíveis para a população em vulnerabilidade social.
O Cadastro Único (CadÚnico) também desempenha um papel fundamental na identificação e inclusão de famílias de baixa renda em benefícios federais, estaduais e municipais. E o Bolsa Família continua sendo um dos pilares do apoio social, atendendo famílias em situação de pobreza ou extrema pobreza.
Além dessas medidas, é importante destacar a entrega de cestas básicas para comunidades indígenas, um gesto significativo de apoio em um estado tão diverso quanto Mato Grosso.
