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Mato Grosso segue líder em feminicídios, e vice-governador admite: “Infelizmente, não sei por que o Estado continua entre os mais violentos do Brasil”

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Pelo segundo ano consecutivo, Mato Grosso lidera o ranking nacional de feminicídios. Somente em 2025, 39 mulheres foram assassinadas no estado, número que reforça a persistência da violência de gênero e coloca em xeque a efetividade das políticas públicas de proteção. Diante do cenário, o vice-governador Otaviano Pivetta (Republicanos) reconheceu a gravidade da situação e, de forma direta, admitiu não compreender por que o estado ainda ocupa as primeiras posições da criminalidade no país.

 

“Infelizmente, não sei por que Mato Grosso continua entre os mais violentos do Brasil”, afirmou Pivetta. “Estamos com muita disposição de combater isso. Não tem nenhum caso de feminicídio ou de violência denunciada que não tenha sido resolvido. O Estado precisa combater o que está na sua competência, e temos feito isso.”

 

A declaração chama atenção pelo tom de desalento e incerteza vindo de uma das principais lideranças do Executivo estadual. Embora o governo afirme que todas as ocorrências denunciadas são investigadas e solucionadas, o dado de liderança nacional em feminicídios expõe um abismo entre resposta policial e prevenção efetiva.

 

Para Pivetta, as causas da violência contra a mulher estão profundamente ligadas ao ambiente familiar e à estrutura social. “A violência contra a mulher tem um fundamento muito orgânico, muito dentro das fases, dentro da família”, declarou. Ele destacou que o papel do Estado é agir dentro de suas competências legais — o que, segundo ele, vem sendo feito com empenho pelas forças de segurança.

Apesar disso, os índices de feminicídio e violência doméstica seguem alarmantes. Dados recentes do Fórum Brasileiro de Segurança Pública apontam que a cada seis horas uma mulher é morta no Brasil vítima de feminicídio, e Mato Grosso se mantém no topo desse triste ranking.

 

Ao ser questionado sobre possíveis estratégias para reduzir os índices caso venha a assumir o governo, Pivetta defendeu a continuidade dos programas atuais e o fortalecimento da presença policial nas comunidades. “É continuar o que está sendo feito, implementar programas, chegar mais próximo da sociedade, dar mais condições para que o cidadão tenha acesso ao socorro, à polícia, o mais rápido e o mais perto possível de sua casa”, disse.

 

Ele mencionou ainda que há cerca de mil policiais militares concursados ainda não convocados, o que poderia reforçar o efetivo de segurança, mas ressaltou que a decisão cabe ao governador. “O governador pode responder isso. Eu não tenho essa competência e prefiro deixar para ele responder.”

 

Enquanto o governo reforça que cumpre seu papel investigativo e policial, o alto número de feminicídios evidencia que as políticas de enfrentamento ainda não alcançaram a raiz do problema. A admissão de Pivetta — de que não sabe por que Mato Grosso segue entre os estados mais violentos — sintetiza a complexidade e, ao mesmo tempo, a urgência de repensar estratégias.

 

Em um estado marcado pelo agronegócio pujante, pelo crescimento econômico e pela interiorização urbana acelerada, o contraste entre prosperidade e brutalidade revela que o desenvolvimento material não tem sido acompanhado por avanços sociais e de proteção à mulher.

 

Enquanto novas mortes continuam a ser registradas, a pergunta que ecoa — e que o próprio vice-governador verbalizou — continua sem resposta: por que Mato Grosso permanece entre os mais violentos do Brasil?

 

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