“Uma usina hidrelétrica tem um custo operacional próximo de zero, porque é simplesmente deixar passar a água que já está ali no reservatório. Já uma usina termoelétrica requer um combustível para que ela seja acionada”, explica Cláudio Sales, presidente do Instituto Acende Brasil.
Mas a bandeira tarifária é só uma parte da conta de luz: também pesam impostos e tributos. E a maior parte da conta é a tarifa propriamente dita, que serve para cobrir os custos de geração, transmissão e distribuição de energia e, os encargos cobrados para manter o setor elétrico. A tarifa muda todo ano. Em boa parte do Brasil, como em São Paulo, ela subiu mais do que a inflação.
Segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), os paulistanos vão pagar 6,41% a mais. O aumento foi de 11% em Campo Grande, 10% em Cuiabá, quase 9% no Rio de Janeiro, e maior do que 5% em Fortaleza, Natal, Recife, Salvador e Belo Horizonte. A média do país ficou em 5,2%.
A Aneel afirma que não existe relação entre a inflação e as tarifas, que variam de acordo com os custos e investimentos do setor, e que cada distribuidora tem características e mercados.
“O que prevaleceu para o aumento das tarifas de energia esse ano foram os custos de aquisição com energia elétrica. Isso devido à situação hidrológica desfavorável que temos vivido no ano de 2018 e 2019”, avaliou Elisa Bastos, diretora da Aneel.
A agência diz ainda que vem adotando medidas para reduzir o valor da energia no Brasil, como a quitação antecipada de empréstimos que pressionam os encargos.
Enquanto isso, resta ao consumidor trocar eletrodomésticos e lâmpadas por modelos que gastam menos, e mudar o comportamento. Na casa de Márcia, agora, os filhos têm que jogar videogame juntos. Uma mudança que exige um joguinho de cintura.