O brutal assassinato de Bianca Castyel, uma mulher trans de 20 anos, em Água Boa, Mato Grosso, evidencia a crescente violência contra a comunidade trans no estado. Bianca foi encontrada morta em sua residência com sinais de estrangulamento e 22 facadas.
Este é o terceiro caso de homicídio de mulheres trans em Mato Grosso nos últimos meses, incluindo os assassinatos de Santrosa, cantora e suplente de vereadora, em Sinop, e de Isabela, em Peixoto de Azevedo. As autoridades investigam as motivações dos crimes, que variam desde envolvimento com facções criminosas até questões relacionadas ao uso de drogas.
A comunidade LGBTQIAPN+ clama por justiça e medidas efetivas de proteção diante dessa onda de violência.
No caso de Bianca, um adolescente de 17 anos foi apreendido como principal suspeito. As investigações apontam que ele mantinha um relacionamento prévio com a vítima e, após um encontro íntimo, a assassinou com extrema violência. O delegado responsável pelo caso destacou a frieza do ato, indicando um possível planejamento prévio. Após o crime, o suspeito retomou suas atividades cotidianas, incluindo uma viagem de férias com a família.
Em novembro de 2024, Santrosa, uma mulher trans de 27 anos, foi encontrada morta em Sinop. Seu corpo apresentava sinais de tortura, com mãos e pés amarrados, além de decapitação. As investigações consideram a possível participação de facções criminosas, embora a motivação por transfobia não tenha sido descartada.
No mês anterior, Isabela, uma mulher trans de 26 anos, foi morta a tiros em Peixoto de Azevedo. A polícia investiga a relação do crime com o uso de drogas, já que a vítima era usuária e o local do crime é conhecido por essa atividade.
O Brasil lidera mundialmente os índices de violência contra pessoas trans, com números alarmantes de homicídios e agressões. Apesar de alguns avanços legais, como o reconhecimento do direito ao nome social e à identidade de gênero, as políticas públicas voltadas para a proteção e inclusão dessa população ainda são insuficientes.
Organizações como a Associação Nacional de Travestis e Transexuais (ANTRA) destacam a necessidade de ações efetivas para enfrentar os altos índices de violência contra a comunidade LGBTQIA+, especialmente a população trans.
Em janeiro de 2023, o Ministério dos Direitos Humanos anunciou a construção de novas políticas públicas visando garantir a punição ao crime de homotransfobia, reconhecendo a necessidade de um aparato legal mais robusto em defesa das pessoas LGBTQIA+. No entanto, até o momento, poucas ações concretas foram implementadas para enfrentar a violência contra essa comunidade.
A comunidade trans e organizações de direitos humanos clamam por medidas que vão além do reconhecimento legal.
A ausência de políticas públicas eficazes e a marginalização social contribuem para a vulnerabilidade da população trans. É imperativo que as autoridades intensifiquem as investigações e implementem medidas de proteção e inclusão para a comunidade trans, visando combater a discriminação e a violência sistemática.
A sociedade civil também desempenha um papel crucial na promoção do respeito e da igualdade, fundamentais para a construção de um ambiente seguro para todos, independentemente de identidade de gênero ou orientação sexual.
Os recentes casos de violência contra mulheres trans em Mato Grosso são um reflexo de um problema sistêmico que atinge todo o país. A implementação de políticas públicas eficazes, aliada à conscientização social, é essencial para garantir a segurança e os direitos da população trans no Brasil.
































