A interdição da BR-174, nas proximidades do município de Comodoro, tem colocado em risco a produção de soja da safra 2024/2025 e provocado sérios prejuízos financeiros a produtores rurais da região Oeste de Mato Grosso.
O alerta é do deputado estadual Valmir Moretto (Republicanos), que cobra urgência do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) para liberar a via, interditada desde o último dia 5 de abril.
Segundo Moretto, cerca de 30% das lavouras da região dependem exclusivamente da BR-174 para o escoamento da produção. Com armazéns já operando no limite da capacidade e parte da safra ainda no campo, os agricultores enfrentam um cenário de incertezas e prejuízos crescentes. “Os armazéns da região estão todos lotados, e ainda há produtores com soja na lavoura pronta para ser colhida. Eles não estão conseguindo onde pôr a produção. Muitos caminhoneiros e transportadores também não querem ir até lá para fazer o frete. A demora está trazendo um prejuízo imenso para a região”, afirmou o parlamentar.
A rodovia federal foi interditada após a identificação de um processo erosivo que comprometeu parte da pista e do aterro. Sem prazo para a liberação, o DNIT tem sugerido rotas alternativas que, segundo produtores e motoristas, são intransitáveis. “Todas essas rotas têm mais de 120 quilômetros de estradas que não são pavimentadas, têm muitas serras, areão e atoleiros. Não tem estrutura nenhuma para veículos pesados passarem”, explicou Moretto. Há registros de caminhões guinchados para vencer as ladeiras e de cargas de soja que apodreceram no trajeto devido ao tempo excessivo de transporte.
Além do impacto direto na produção, a situação elevou o custo do frete, com caminhoneiros cobrando até R$ 5 a mais por saca transportada. O deputado ainda destaca a resistência de transportadoras em assumir viagens pelas rotas alternativas, devido à dificuldade de retorno e aos riscos no percurso.
A urgência é ainda maior para os produtores que financiaram a safra junto a trades, que forneceram fertilizantes e insumos com a condição de recebimento da colheita até o dia 30 de abril. “Com a interrupção da rodovia, não tem como tirar a soja. A trade não vai pagar o produtor porque não tem como escoar o grão. Como não tem prazo de terminar a interdição, eles ficam sem essa definição de quitar seus compromissos. Então, tem todo esse transtorno que o produtor está com a soja guardada e não vai poder honrar o compromisso”, alertou o parlamentar.
A interdição também compromete o trânsito de ambulâncias, transporte escolar e o acesso a comunidades e assentamentos rurais, acentuando o isolamento e a precariedade enfrentada pela população local. Diante do quadro, Moretto cobra uma solução imediata por parte do governo federal: “É urgente que o DNIT libere a BR-174 de 48 a 72 horas”.
A expectativa entre os produtores é de que uma resposta rápida evite que os prejuízos se tornem irreversíveis. Enquanto isso, o tempo segue como inimigo em uma das regiões mais produtivas do agronegócio brasileiro.