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Mato Grosso vive fim de semana marcado por mortes, tráfico e violência doméstica

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O fim de semana dos dias 14 e 15 de junho de 2025 foi atravessado por episódios brutais de violência em Mato Grosso. Casos de latrocínio, tráfico de drogas, execuções e reações letais a agressões dentro de casa escancaram a complexidade do cenário da segurança pública no estado, onde a violência urbana, familiar e criminosa caminha de mãos dadas.

 

A tragédia começou na noite de sábado, em Lucas do Rio Verde, onde um latrocínio abalou a cidade. Dois criminosos armados invadiram uma residência no bairro Tessele Júnior e, diante da tentativa de reação do filho da vítima, atiraram em Erton Goldhart, de 60 anos. O morador morreu no local e o jovem, de 20 anos, foi atingido por coronhadas. Os assaltantes fugiram e, até o momento, não foram localizados. A polícia investiga o crime, que chocou pela violência direta contra uma família em casa.

 

Ainda na mesma noite, em Cáceres, mais um caso expôs a tensão dentro do lar. Após uma noite de bebedeira e agressões, uma mulher de 36 anos matou o próprio marido, Arnaldo Alves da Silva Filho, de 35 anos, com facadas no peito. De acordo com o boletim de ocorrência, o casal havia discutido e o homem teria agredido a esposa, que reagiu com uma faca. A Polícia Militar foi acionada e prendeu a mulher, que confessou o crime. O caso é investigado como feminicídio invertido, levantando novamente o debate sobre os limites da legítima defesa e os sinais ignorados da violência doméstica.

 

Já na madrugada de domingo, o terror tomou conta de uma residência no bairro Costa Verde, em Várzea Grande, onde Kedma Karolina Arruda Maciel, de 32 anos e grávida, foi assassinada a tiros dentro de casa. Seu companheiro conseguiu escapar por pouco ao se esconder no telhado. Segundo a Polícia Civil, os autores do crime invadiram a residência com o objetivo de executar ambos, mas apenas a mulher foi atingida. As motivações ainda estão sob apuração, mas não se descarta uma possível execução ligada a envolvimentos externos do casal.

 

Esses casos se somam a outras ações ocorridas no estado ao longo do mesmo fim de semana. Em Canarana, a polícia capturou um foragido da Justiça que tinha mandados de prisão por latrocínio e tentativa de homicídio. Em Nova Mutum, policiais militares apreenderam 47 porções de pasta base de cocaína e prenderam um suspeito ligado ao tráfico local. Já em Cuiabá e Várzea Grande, a Polinter efetuou a prisão de três foragidos da Justiça, reforçando o cerco aos criminosos com histórico de violência e evasão do sistema penal.

 

Além dos casos de violência explícita, o fim de semana também trouxe à tona episódios de reação feminina a abusos persistentes. Em Rondonópolis, uma mulher esfaqueou o marido após agressões físicas e verbais dentro de casa. Ela afirmou ter sido alvo de socos e ofensas homofóbicas, inclusive contra o filho do casal. A Justiça analisa o caso sob o prisma da legítima defesa.

 

Essas ocorrências reforçam um padrão cada vez mais frequente: a violência doméstica transformada em tragédia. Muitas vezes, essas mulheres não encontram no Estado os meios de proteção eficazes para romper o ciclo de agressões. A ausência de medidas protetivas, o medo da denúncia e a falta de suporte estruturado formam um terreno fértil para o desfecho fatal.

 

Do ponto de vista da segurança pública, os casos de Lucas do Rio Verde e Várzea Grande demonstram que a sensação de vulnerabilidade não está restrita à periferia ou a grupos de risco. A criminalidade se manifesta em áreas residenciais, em casas aparentemente tranquilas, rompendo qualquer expectativa de segurança doméstica.

 

O volume de casos em tão pouco tempo levanta a necessidade urgente de revisão nas estratégias de policiamento, ampliação de redes de apoio às vítimas e responsabilização rápida dos autores. A banalização da violência, seja ela doméstica ou criminosa, parece estar em curso em Mato Grosso — e o silêncio da sociedade frente a esses episódios só fortalece o ciclo.

 

Enquanto o Estado atua para prender traficantes e foragidos, é a violência dentro das casas que mais desafia a lógica da prevenção. São mulheres acuadas, famílias destruídas, vítimas sem chance de defesa. São também homens armados, rotas de tráfico ativas e bairros sob domínio do medo.

 

 

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