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Onças-pintadas no Pantanal revelam presença de parasita que pode afetar humanos e impactar a pecuária, aponta estudo

Onça Pintada no Pantanal Crédito - Mayke Toscano/Secom-MT

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Uma pesquisa inédita conduzida pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) identificou, pela primeira vez, a presença do parasita Spirometra spp. em onças-pintadas do Pantanal mato-grossense. O estudo, realizado entre 2022 e 2024 na Fazenda Piuval, em Poconé, a 104 km de Cuiabá, faz parte da dissertação de mestrado do médico veterinário Paul Raad Cisa, sob orientação do professor Felipe Fornazari, especialista em zoonoses da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ).

 

O parasita identificado é responsável pela esparganose, uma infecção causada por larvas que podem atingir tanto animais quanto seres humanos. A análise de 40 amostras fecais de onças revelou a presença do patógeno em um terço delas, trazendo implicações para a saúde animal, humana e para a atividade pecuária na região.

 

### Impacto na pecuária e na economia local

 

Embora as onças-pintadas não transmitam diretamente o parasita, a pesquisa levanta um alerta para a pecuária extensiva no Pantanal. O ciclo de transmissão ocorre por meio da ingestão de água contaminada por copépodes infectados ou pelo consumo de carne crua ou mal cozida de hospedeiros intermediários, como sapos, cobras e répteis. Isso significa que gado e outros animais criados para consumo humano também podem estar expostos, exigindo maior atenção a práticas sanitárias e de manejo.

 

Paul Raad Cisa explica que a presença do parasita não significa, necessariamente, que as áreas onde há onças não possam ter criação de gado, mas sim que boas práticas de higiene e controle sanitário devem ser reforçadas para evitar a contaminação dos animais de consumo. “A esparganose pode ser prevenida com o controle adequado da água utilizada para o gado e o cozimento correto da carne”, destaca o pesquisador.

 

Especialistas alertam que a presença do parasita pode levar a restrições sanitárias em determinadas áreas, aumentando os custos para os pecuaristas com medidas preventivas, exames de controle e certificações sanitárias para a comercialização da carne. Apesar disso, não há evidências de que a simples presença de onças seja um indicativo de risco direto para a pecuária, já que o parasita se propaga principalmente pelo contato com fontes de água contaminadas e cadeias alimentares específicas.

 

### Monitoramento e conservação são fundamentais

 

O estudo reforça o conceito de Saúde Única, que reconhece a interdependência entre a saúde humana, animal e ambiental. Diante disso, os pesquisadores defendem a necessidade de monitoramento constante da fauna silvestre e de estratégias que protejam tanto as onças quanto os pecuaristas e comunidades locais.

 

Medidas como programas de compensação financeira por perdas de rebanho, instalação de cercas adequadas e ações educativas sobre a convivência segura com a vida silvestre são apontadas como soluções para evitar conflitos e garantir a preservação do Pantanal sem comprometer a economia da região.

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