Conversas entre a doleira Nelma Kodama e o lobista Rowles Magalhães mostram possível ligação do ex-secretário de Estado de Ciência e Tecnologia, Nilton Borgato, com o tráfico desde o período em que chefiou a prefeitura de Glória D’Oeste, em Mato Grosso.

A ligação é evidenciada por meio de documentação que autorizou a deflagração da Operação Descobrimento, em que Borgato foi preso por ser um dos chefes em um esquema de tráfico internacional de cocaína.

Em conversas trocadas entre Nelma e Rowles, a doleira mostra prints de uma lista de chamadas realizadas via WhatsApp. Em destaque na imagem, Borgato é identificado como tendo feito uma das ligações.

O que chama atenção no print é o fato de que o nome de Borgato está salvo como “Pref Gloria Newton Secretario Ciencias E Tecnologia”, evidenciando que o ex-secretário poderia manter contato desde o período em que esteve à frente da prefeitura.

As mensagens, conforme identificação, foram trocadas em julho de 2017. Borgato comandou o paço municipal por dois mandatos consecutivos, entre os anos de 2009-2012 e 2013-2016.

Além das conversas entre a doleira e o lobista, Borgato também aparece em imagens em que diálogos são feitos entre ele e Rowles, de julho de 2020.

Operação

A Operação Descobrimento foi deflagrada há um mês, no dia 19 de abril. Na ação, foram presos Borgato e Rowles dentre outras pessoas. A operação tem como base a apreensão de 595 kg de cocaína apreendidas dentro da fuselagem de uma aeronave em fevereiro de 2021, dentro do Aeroporto Internacional de Salvador.  

O jato Dassault Falcon 900, de uma empresa portuguesa de táxi aéreo, parou para abastecer e durante a inspeção, agentes encontraram a droga.      A partir das investigações, a polícia conseguiu identificar toda a estrutura criminosa atuante nos dois países, compostas por fornecedores de cocaína, mecânicos e auxiliares –responsáveis pela abertura da fuselagem do avião para esconder a droga -, transportadores – que eram responsáveis pelos voos – além dos doleiros – responsáveis pela movimentação financeira do grupo.       

Foram cumpridos 43 mandados de busca e apreensão e 7 mandados de prisão preventiva na Bahia, São Paulo, Mato Grosso, Rondônia e Pernambuco.    

Houve também cumprimentos de 3 mandados de busca e apreensão e dois mandados de prisão em Portugal, nas cidades do Porto e Braga.  

As medidas judiciais foram expedidas pela 2ª Vara Federal de Salvados e pela Justiça Portuguesa. Foram decretadas ainda medidas de apreensão, sequestro e bloqueio de imóveis, bens e valores das contas usadas pelos investigados.

 

Otavio Ventureli(da redação com GD)